Burra Misericórdia
Arquivado sob (Mastigando) por Daniel em 19-10-2009
“O deus do Velho Testamento é um tirano. É um deus que sente prazer em julgar as pessoas!”
Já escutei esse tipo de comentário muitas vezes, especialmente após algumas pessoas lerem trechos do Velho Testamento como o Salmo 44.2:
“Com a tua própria mão expulsaste as nações para estabelecer os nossos antepassados; arruinaste povos e fizeste prosperar os nossos antepassados.” (NVI)
O mundo usa esse tipo de afirmação como desculpa para não aceitar a Bíblia e para viver do jeito que quiser sem uma autoridade acima de sua vida.
Mas no fundo, esse tipo de afirmação é uma hipocrisia gigantesca! Nas frase acima existe um erro crucial que muitos não percebem…
Essa frase pressupõe que o ato de JULGAR é algo ruim e maldoso. Será mesmo???
– BURRA MISERICÓRDIA
Será que julgar é sempre algo ruim e maligno? Olhemos a nossa sociedade atenciosamente e veremos que o julgamento é uma parte essencial da nossa convivência pacífica com o próximo!
Nós precisamos que as nossas cortes julguem os malfeitores. Vou dar um exemplo. Um homem estupra e mata 15 crianças. Aposto com você que não tem ninguém em sã consciÊncia que acharia injusto que esse homem fosse preso, JULGADO e condenado pelos seus atos. Ele deveria passar o resto da vida mofando na cadeia ou, pra quem acredita na pena de morte, ser executado. Se essa pessoa quebrou a lei deve pagar o seu preço, não?
Nesse caso fica aparente que existe um lado bom do julgamento. Aliás, podemos ir além e dizer que sem JULGAMENTO nossa sociedade seria um caos. Não haveria como cumprir as leis, cada um faria o que quisesse e o respeito pela vida do próximo seria quase inexistente. Pedofilia, assassinatos, atrocidades impensáveis e um completo desrespeito pelo próximo reinaria na terra.
Agora é totalmente incoerente concordarmos com o julgamento de um criminoso mas ao mesmo tempo nos revoltarmos contra Deus dizendo que Ele não tem direito nenhum de julgar.
Se formos pensar com carinho, na verdade Deus tem MUITO mais direito de julgar as coisas do que nós. Todos admitimos que cometemos erros, falhamos, somos egoístas e muito raramente enxergamos as situações por completo. No entanto, confiamos nossas vidas nas mãos de juízes e governantes tão falhos como nós! Em contrapartida achamos que Deus, que é perfeito, não comete erros e sabe o que é o melhor para nós, não é capaz nem responsável por nos julgar.
Tudo bem se nós condenarmos um estuprador, mas Deus não pode condená-lo? Seria errado Deus erradicar o mal, mas tudo bem se nós seres humanos nos encarregarmos dessa tarefa?
Que burrice! Nos rendemos a justiça e julgamento humano, mas não aceitamos o julgamento divíno. Ou seja, esperamos que nossos tribunais e magistrados sejam duros, apliquem a lei com fidelidade e precisão, mas quando falamos de Deus queremos que Ele passe a mão na cabeça do mundo, nos inimigos de seu povo e engula a sua ira pois Ele não deve julgar ou aplicar as suas leis.
Pra mim isso é uma busca por uma misericórdia burra e ilógica. Deus tem suas leis, mas nós queremos que Ele não nos julgue através delas. Simultaneamente afirmamos que somos bons o suficiente para julgar os outros em cima de leis que nós inventamos.
Enxergam a discrepância?
Engraçado quando as pessoas apontam o dedo pra Deus e dizem que Ele não tem direito de julgar. É uma busca inútil por uma burra misericórdia. Uma misericórdia de Deus que é vazia e incoerente.
Vamos parar de colocar expectativas sobre Deus que nós não ousamos nem colocar sobre nós mesmos.
Daniel,
A questão é que o mundo e boa parte da igreja querem justificar seus pecados e não serem condenados por eles, apelando para um deus cego, surdo e mudo e que, ainda por cima, é conivente com o pecado.
O que desejam é apenas satisfazer seus impulsos e deleites; e para continuarem anestesiados é necessário que deus seja o mais tolo e irracional que suas mentes estúpidas podem criar.
O mesmo se dá quando fazem do sacrifício de Cristo na cruz uma exibição circense, ao invalidar a Sua morte como o único meio de salvação do homem.
E assim, vão eles se iludindo, acreditando possível escarnecer de Deus, colocando a Sua santidade num nível abaixo dos pecados cometidos deliberadamente.
Outro ponto é que a Escritura é fatiada, e eles pegam apenas o que é conivente, à base de distorções e descontextualizações, uma espécie de recriação do texto.
Tanto no caso daqueles que não aceitam a Deus como Ele se revela, como daqueles que esperam reeditá-lo, colherão aquilo que plantaram: a corrupção [Gl 6.8].
Abraços.
Realmente existe muita confusão envolvendo o termo “julgar”. As pessoas de forma geral não conhecem a Bíblia, mas a famosa passagem “julgar é errado/pecado”, elas conhecem e a repetem toda hora, mesmo sem saber qual o contexto que Cristo disso isso.
Julgar sem conhecimento de causa uma pessoa é errado. Também entendo que ao fazermos algum tipo de julgamento, devemos antes de tudo lembrarmos que também somos pecadores e, assim sendo, demonstrar misericórdia para com ela. De qualquer forma, o julgamento que discerne o certo do errado é evidente em toda a Palavra de Deus, e incentivado. O próprio Cristo nos ensinou a discernir usando a alegoria (?) da árvore e dos seus frutos.
Outro ponto que vejo é que a visão que as pessoas tem de Deus é de um “bondoso velhinho”, e de Cristo como um guru ou um guia espiritual. Ninguém quer saber de Rei, Senhor e Soberania; isso, provalvemente, fere o nosso orgulho, porque o próprio nascimento de Jesus mostra exatamente isso, que necessitamos de um Salvador.
Já assistiu Superman Returns? Um dos temas do filme é este: não precisamos de um Superman.
Abraços.
Julgar também não significa avaliar, formar opinião? não é somente dar uma sentença.
Outra definição de julgamento é “capacidade de tomar uma decisão ou formar uma opinião por discernimento e avaliação”.
Quando Jesus nos falou “não julgueis para que não sejais julgados” Ele estava nos alertando sobre as nossas falsas impressões sobre todas as coisas, aquilo que acreditamos ou achamos mas que não tem nenhuma base e também sobre o nosso direito de julgar.
Os casos de estupros e assassinatos já são crimes passiveis de julgamento e havendo provas incriminatorias contra um acusado já se da essa “capacidade de tomar uma decisão ou formar uma opinião por discernimento e avaliação”.
Agora, falando do direito de julgamento da parte de Deus, se só quem conhece um determinado caso ou acontecimento pode julgar, só aí já fica claro que Deus tem total direito pra julgar qualquer pessoa ou coisa, já que sabe de tudo antes mesmo que aconteça; o problema está no conhecimento do homem, a forma que se vê, que se pensa em Deus, quando vivemos de baixo da sua graça, entendemos seu total direito sobre todas as coisas, mas quando não, quando Deus está muito distante de nós, Ele perde esse “direito”.
Por tanto pra mim a questão inteira está ligada ao relacionamento que temos com Deus.
Obraço,
O julgamento e algo muito mal compreendido. De fato, ser um juíz de alguma coisa é uma tarefa que deve passar por algumas etapas, e o tema aqui exposto nos leva a esta reflexão: Primeiro, devemos ser juízes de nós mesmos, pois aquele de julga a si mesmo, aprimora-se em caráter; segundo, devemos julgar fatos, pois ao fazê-lo, evitamos julgar temerariamente as pessoas; e em terceiro, podemos julgar pessoas, após uma longa avaliação pessoal e do que acontece ao nosso redor. Isto não nos isenta de receber o mesmo juízo, mas evita de que sejamos julgados por critérios errôneos e desmedidos.
Shalom!
Parabéns pelo ótimo blog. O Eterno resplandeça o rosto DELE sobre vós!
Medite no Salmo 36.8,9
Nele, Pr Marcelo
P.s> Visite: http://davarelohim.blogspot.com/
e veja o texto:
A igreja de Tessalônica – Um modelo de igreja
Daniel,
Pertinente a colocação do Jorge qdo se referiu aos fatiadores da Palavra que se enquadra neste caso: a Bíblia não é mais composta pela Lei + o Evangelho; para muitos é melhor aceitar o Cristo Salvador e Suas Boas Novas e esquecer o Cristo Senhor com sua Lei que delega, estabelece e delimita. Ainda ontem ouvi no rádio um pastor dizer que Deus não castiga ninguém pq Ele é amor. Santidade, justiça e juízo de Deus são deixados de lado enquanto se cria um deus que tolera, aceita e não reprime o pecado. Esquecidos de que somente Deus está livre e que jamais é arbitrário qdo julga, com o dedo em riste, apontado para Deus, caminham cegos conduzindo cegos a lugar nenhum. Faço voz às palavras de Lutero: “Deixem Deus ser Deus!”
Parabéns Daniel
Shalom
Daniel,
Seu post é de grande relevância.De fato,as pessoas não querem um Deus que julgue,porque elas já sabem qual é a sentença que lhes é devida.
Lutero demonstra em sua vida claramente este aspecto,antes de entender a graça de Deus,passou por angústias terriveis,pois tinha noção da sua culpa perante Deus e que era passivo de receber a sanção dos seus pecados.Mas,quando o Espírito Santo mostrou a ele a graça e misericordia infinita de Deus,a vida do grande reformador se encheu de gratidão
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