Inocência Perdida Parte B
Arquivado sob (Mastigando) por Daniel em 14-03-2009
Abaixo estão mais algumas coisas que apareceram para causar ainda mais polêmica no caso da menininha de 9 anos que abortou gêmeos após ficar grávida do estupro de seu padastro.
Primeiramente, o blog Resistência Protestante coloca alguns links interessantes sobre meninas da mesma ou menor idade que tiveram filhos com sucesso! Segue o link: http://resistenciaprotestante.blogspot.com/2009/03/o-assassinato-de-2-criancas-indefesas.html
Abaixo vou colar na integra a carta do Padre de Alagoinha que acompanhou de perto o caso, inclusive com visitas a mãe, ao pai e a própria menina. Ele afirma que a mãe não consentia com o aborto e que as decisões foram tomadas drasticamente por orgãos do governo sem levar em consideração o desejo da família. Se tudo que estiver na carta desse padre for verdade o ocorrido realmente foi algo pior do que pensavamos…
Por fim, a segunda correspondência que disponibilizo após a carta do padre foi algo que recebi por e-mail e portanto não consigo atestar em 100% a sua procedência, mas mesmo assim parece ser uma opinião médica coerente sobre o caso. A conclusão da Dra. Elizabeth Kipman Cerqueira assemelha-se a nossa expressa no primeiro post sobre o assunto.
Seguem as correspondências:
1) Carta do Padre Edson Rodrigues, Pároco de Alagoinha-PE:
O lado que a imprensa deixou de contar
Há cerca de oito dias, nossa cidade foi tomada de surpresa por uma trágica notícia de um acontecimento que chocou o país: uma menina de 9 anos de idade, tendo sofrido violência sexual por parte de seu padrasto, engravidou de dois gêmeos. Além dela, também sua irmã, de 13 anos, com necessidade de cuidados especiais, foi vitima do mesmo crime. Aos olhos de muitos, o caso pareceu absurdo, como de fato assim também o entendemos, dada a gravidade e a forma como há três anos isso vinha acontecendo dentro da própria casa, onde moravam a mãe, as duas garotas e o acusado.
O Conselho Tutelar de Alagoinha, ciente do fato, tomou as devidas providências no sentido de apossar-se do caso para os devidos fins e encaminhamentos. Na sexta-feira, dia 27 de fevereiro, sob ordem judicial, levou as crianças ao IML de Caruaru-PE e depois ao IMIP (Instituto Médico Infantil de Pernambuco), de Recife a fim de serem submetidas a exames sexológicos e psicológicos. Chegando ao IMIP, em contato com a Assistente Social Karolina Rodrigues, a Conselheira Tutelar Maria José Gomes, foi convidada a assinar um termo em nome do Conselho Tutelar que autorizava o aborto. Frente à sua consciência cristã, a Conselheira negou-se diante da assistente a cometer tal ato. Foi então quando recebeu das mãos da assistente Karolina Rodrigues um pedido escrito de próprio punho da mesma que solicitava um “encaminhamento ao Conselho Tutelar de Alagoinha no sentido de mostrar-se favorável à interrupção gestatória da menina, com base no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e na gravidade do fato”. A Conselheira guardou o papel para ser apreciado pelos demais Conselheiros colegas em Alagoinha e darem um parecer sobre o mesmo com prazo até a segunda-feira dia 2 de março. Os cinco Conselheiros enviaram ao IMIP um parecer contrário ao aborto, assinado pelos mesmos. Uma cópia deste parecer foi entregue à assistente social Karolina Rodrigues que o recebeu na presença de mais duas psicólogas do IMIP, bem como do pai da criança e do Pe. Edson Rodrigues, Pároco da cidade de Alagoinha.
No sábado, dia 28, fui convidado a acompanhar o Conselho Tutelar até o IMIP em Recife, onde, junto à conselheira Maria José Gomes e mais dois membros de nossa Paróquia, fomos visitar a menina e sua mãe, sob pena de que se o Conselho não entregasse o parecer desfavorável até o dia 2 de março, prazo determinado pela assistente social, o caso se complicaria. Chegamos ao IMIP por volta das 15 horas. Subimos ao quarto andar onde estavam a menina e sua mãe em apartamento isolado. O acesso ao apartamento era restrito, necessitando de autorização especial. Ao apartamento apenas tinham acesso membros do Conselho Tutelar, e nem todos. Além desses, pessoas ligadas ao hospital. Assim sendo, à área reservada tiveram acesso naquela tarde as conselheiras Jeanne Oliveira, de Recife, e Maria José Gomes, de nossa cidade.
Com a proibição de acesso ao apartamento onde menina estava, me encontrei com a mãe da criança ali mesmo no corredor. Profunda e visivelmente abalada com o fato, expôs para mim que tinha assinado “alguns papéis por lá”. A mãe é analfabeta e não assina sequer o nome, tendo sido chamada a pôr as suas impressões digitais nos citados documentos.
Perguntei a ela sobre o seu pensamento a respeito do aborto. Valendo-se se um sentimento materno marcado por preocupação extrema com a filha, ela me disse da sua posição desfavorável à realização do aborto. Essa palavra também foi ouvida por Robson José de Carvalho, membro de nosso Conselho Paroquial que nos acompanhou naquele dia até o hospital. Perguntei pelo estado da menina. A mãe me informou que ela estava bem e que brincava no apartamento com algumas bonecas que ganhara de pessoas lá no hospital. Mostrava-se também muito preocupada com a outra filha que estava em Alagoinha sob os cuidados de uma família. Enquanto isso, as duas conselheiras acompanhavam a menina no apartamento. Saímos, portanto do IMIP com a firme convicção de que a mãe da menina se mostrava totalmente desfavorável ao aborto dos seus netos, alegando inclusive que “ninguém tinha o direito de matar ninguém, só Deus”.
Na segunda-feira, retornamos ao hospital e a história ganhou novo rumo. Ao chegarmos, eu e mais dois conselheiros tutelares, fomos autorizados a subirmos ao quarto andar onde estava a menina. Tomamos o elevador e quando chegamos ao primeiro andar, um funcionário do IMIP interrompeu nossa subida e pediu que deixássemos o elevador e fôssemos à sala da Assistente Social em outro prédio. Chegando lá fomos recebidos por uma jovem assistente social chamada Karolina Rodrigues. Entramos em sua sala eu, Maria José Gomes e Hélio, Conselheiros de Alagoinha, Jeanne Oliveira, Conselheira de Recife e o pai da menina, o Sr. Erivaldo, que foi conosco para visitar a sua filha, com uma posição totalmente contrária à realização do aborto dos seus netos. Apresentamo-nos à Assistente e, ao saber que ali estava um padre, ela de imediato fez questão de alegar que não se tratava de uma questão religiosa e sim clínica, ainda que este padre acredite que se trata de uma questão moral.
Perguntamos sobre a situação da menina como estava. Ela nos afirmou que tudo já estava resolvido e que, com base no consentimento assinado pela mãe da criança em prol do aborto, os procedimentos médicos deveriam ser tomados pelo IMI dentro de poucos dias. Sem compreender bem do que se tratava, questionei a assistente no sentido de encontrar bases legais e fundamentos para isto. Ela, embora não sendo médica, nos apresentou um quadro clínico da criança bastante difícil, segundo ela, com base em pareceres médicos, ainda que nada tivesse sido nos apresentado por escrito.
Justificou-se com base em leis e disse que se tratava de salvar apenas uma criança, quando rebatemos a idéia alegando que se tratava de três vidas. Ela, desconsiderando totalmente a vida dos fetos, chegou a chamá-los em “embriões” e que aquilo teria que ser retirado para salvar a vida da criança. Até então ela não sabia que o pai da criança estava ali sentado ao seu lado. Quando o apresentamos, ela perguntou ao pai, o Sr. Erivaldo, se ele queria falar com ela. Ele assim aceitou. Então a assistente nos pediu que saíssemos todos de sua sala os deixassem a sós para a essa conversa. Depois de cerca de vinte e cinco minutos, saíram dois da sala para que o pai pudesse visitar a sua filha. No caminho entre a sala da assistente e o prédio onde estava o apartamento da menina, conversei com o pai e ele me afirmou que sua idéia desfavorável ao aborto agora seria diferente, porque “a moça me disse que minha filha vai morrer e, se é de ela morrer, é melhor tirar as crianças”, afirmou o pai quase que em surdina para mim, uma vez que, a partir da saída da sala, a assistente fez de tudo para que não nos aproximássemos do pai e conversássemos com ele. Ela subiu ao quarto andar sozinha com ele e pediu que eu e os Conselheiros esperássemos no térreo. Passou-se um bom tempo. Eles desceram e retornamos à sala da assistente social. O silêncio de que havia algo estranho no ar me incomodava bastante. Desta vez não tive acesso à sala. Porém, em conversa com os conselheiros e o pai, a assistente social Karolina Rodrigues, em dado momento da conversa, reclamou da Conselheira porque tinha me permitido ver a folha de papel na qual ela solicitara o parecer do Conselho Tutelar de Alagoinha favorável ao aborto e rasgou a folha na frente dos conselheiros e do pai da menina. A conversa se estendeu até o final da tarde quando, ao sair da sala, a assistente nos perguntava se tinha ainda alguma dúvida. Durante todo o tempo de permanência no IMIP não tivemos contato com nenhum médico. Tudo o que sabíamos a respeito do quadro da menina era apenas fruto de informações fornecidas pela assistente social. Despedimo-nos e voltamos para nossas casas. Aos nossos olhos, tudo estava consumado e nada mais havia a fazer.
Dada a repercussão do fato, surge um novo capítulo na história. O Arcebispo Metropolitano de Olinda e Recife, Dom José Cardoso, e o bispo de nossa Diocese de Pesqueira, Dom Francisco Biasin, sentiram-se impelidos a rever o fato, dada a forma como ele se fez. Dom José Cardoso convocou, portanto, uma equipe de médicos, advogados, psicólogos, juristas e profissionais ligados ao caso para estudar a legalidade ou não de tudo o que havia acontecido. Nessa reunião que se deu na terça-feira, pela manhã, no Palácio dos Manguinhos, residência do Arcebispo, estava presente o Sr. Antonio Figueiras, diretor do IMIP que, constatando o abuso das atitudes da assistente social frente a nós e especialmente com o pai, ligou ao hospital e mandou que fosse suspensa toda e qualquer iniciativa que favorecesse o aborto das crianças. E assim se fez.
Um outro encontro de grande importância aconteceu. Desta vez foi no Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco, na tarde da terça-feira. Para este, eu e mais dois Conselheiros, bem como o pai da menina formos convidados naquela tarde. Lá no Tribunal, o desembargador Jones Figueiredo, junto a demais magistrados presentes, se mostrou disposto a tomar as devidas providências para que as vidas das três crianças pudessem ser salvas. Neste encontro também estava presente o pai da criança. Depois de um bom tempo de encontro, deixamos o Tribunal esperançosos de que as vidas das crianças ainda poderiam ser salvas.
Já a caminho do Palácio dos Manguinhos, residência do Arcebispo, por volta das cinco e meia da tarde, Dom José Cardoso recebeu um telefonema do Diretor do IMIP no qual ele lhe comunicava que um grupo de uma entidade chamada Curumins, de mentalidade feminista pró-aborto, acompanhada de dois técnicos da Secretaria de Saúde de Pernambuco, teriam ido ao IMIP e convencido a mãe a assinar um pedido de transferência da criança para outro hospital, o que a mãe teria aceito. Sem saber do fato, cheguei ao IMIP por volta das 18 horas, acompanhado dos Conselheiros Tutelares de Alagoinha para visitar a criança. A Conselheira Maria José Gomes subiu ao quarto andar para ver a criança. Identificou-se e a atendente, sabendo que a criança não estava mais na unidade, pediu que a Conselheira sentasse e aguardasse um pouco, porque naquele momento “estava havendo troca de plantão de enfermagem”. A Conselheira sentiu um clima meio estranho, visto que todos faziam questão de manter um silêncio sigiloso no ambiente. Ninguém ousava tecer um comentário sequer sobre a menina.
No andar térreo, fui informado do que a criança e sua mãe não estavam mais lá, pois teriam sido levadas a um outro hospital há pouco tempo acompanhadas de uma senhora chamada Vilma Guimarães. Nenhum funcionário sabia dizer para qual hospital a criança teria sido levada. Tentamos entrar em contato com a Sra. Vilma Guimarães, visto que nos lembramos que em uma de nossas primeiras visitas ao hospital, quando do assédio de jornalistas querendo subir ao apartamento onde estava a menina, uma balconista chamada Sandra afirmou em alta voz que só seria permitida a entrada de jornalistas com a devida autorização do Sr. Antonio Figueiras ou da Sra. Vilma Guimarães, o que nos leva a crer que trata-se de alguém influente na casa. Ficamos a nos perguntar o seguinte: lá no IMIP nos foi afirmado que a criança estava correndo risco de morte e que, por isso, deveria ser submetida ao procedimentos abortivos. Como alguém correndo risco de morte pode ter alta de um hospital. A credibilidade do IMIP não estaria em jogo se liberasse um paciente que corre risco de morte? Como explicar isso? Como um quadro pode mudar tão repentinamente? O que teriam dito as militantes do Curumim à mãe para que ela mudasse de opinião? Seria semelhante ao que foi feito com o pai?
Voltamos ao Palácio dos Manguinhos sem saber muito que fazer, uma vez que nenhuma pista nós tínhamos. Convocamos órgãos de imprensa para fazer uma denúncia, frente ao apelo do pai que queria saber onde estava a sua filha.
Na manhã da quarta-feira, dia 4 de março, ficamos sabendo que a criança estava internada na CISAM, acompanhada de sua mãe. O Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (FUSAM) é um hospital especializado em gravidez de risco, localizado no bairro da Encruzilhada, Zona Norte do Recife. Lá, por volta das 9 horas da manhã, nosso sonho de ver duas crianças vivas se foi, a partir de ato de manipulação da consciência, extrema negligência e desrespeito à vida humana.
Isto foi relatado para que se tenha clareza quanto aos fatos como verdadeiramente eles aconteceram. Nada mais que isso houve. Porém, lamentamos profundamente que as pessoas se deixem mover por uma mentalidade formada pela mídia que está a favor de uma cultura de morte. Espero que casos como este não se repitam mais.
Ao IMIP, temos que agradecer pela acolhida da criança lá dentro e até onde pode cuidar dela. Mas por outro lado não podemos deixar de lamentar a sua negligência e indiferença ao caso quando, sabendo do verdadeiro quadro clínico das crianças, permitiu a saída da menina de lá, mesmo com o consentimento da mãe, parecendo ato visível de quem quer se ver livre de um problema.
Aos que se solidarizaram conosco, nossa gratidão eterna em nome dos bebês que a esta hora, diante de Deus, rezam por nós. “Vinde a mim as crianças”, disse Jesus. E é com a palavra desde mesmo Jesus que continuaremos a soltar nossa voz em defesa da vida onde quer que ela esteja ameaçada. “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham plenamente” (Jo, 10,10). Nisso cremos, nisso apostamos, por isso haveremos de nos gastar sempre. Acima de tudo, a Vida!
Pe. Edson Rodrigues – Pároco de Alagoinha-PE
Fontes:
- http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,leia-a-carta-do-padre-de-aladoinha-sobre-aborto-e-excomunhao,336023,0.htm – Reportagem do Estadão
- http://padreedson.blogspot.com/2009/03/caso-da-menina-de-alagoinha-o-lado-que.html – Blog do Padre Edson
2) Suposta Carta da Doutora Elizabeth Kipman Cerqueira,
Meus amigos,
Todo o fato é terrível – não é isso que se está discutindo – porém acho importante fazermos algumas reflexões pois o aborto não era a única nem a melhor solução:
a) Devem ter usado Cytotec (?) – que tem protocolo muito claro para tratamento de úlceras gástricas – não há experiência suficiente de seu uso em meninas de 9 anos grávidas (mesmo que tenham usado outra droga – sempre se está atirando meio no escuro, pois é de se convir que é raro uma gravidez gemelar aos 9 anos) – portanto houve risco na indução do aborto;
b) A menina não corria risco de morte agora – não havia esta pressa nem indicação de intervenção no momento para salvar a sua vida;
c) De onde vem a estatística que ela corria o risco de 90% de morte ou de qualquer outra %? Estatística deve ser registrada em trabalho médico de pesquisa e com amostragem significativa para ter valor;
d) Haveria possibilidade que tivesse parto prematuro ou até aborto – mas, quando espontâneo, o processo é mais simples e de menor risco;
e) Se levasse a gravidez pelo menos até 22 semanas, teríamos 15 a 20% de chance de sobrevivência para os gêmeos (mesmo que fosse 10% de chance – estaríamos tentando salvar as crianças sem aumento de risco para a mãezinha);
f) psicologicamente, esta menina foi usada como um trapo pelo homem, destruída como pessoa, percebendo-se marcada inconscientemente como algo sem valor – e por 3 longos anos. Ao experimentar a destruição dos filhos como lixo, o inconsciente registra – “viu, sou lixo e de mim só pode sair lixo”. Sabe-se lá como se fará para recuperar todo esse novelo em sua cabecinha. Por outro lado, imagine-se: ela sentindo-se rodeada por atenção, amor, cuidado e experimentado a valorização das crianças que trazia dentro de si – mesmo que a análise racional não fosse predominante – poderia estar começando aí o seu resgate como pessoa integral;
g) sei de meninas que deram a luz com 10 anos e continuam muito bem após anos e anos;
h) Não sei de ninguém que morreu por causa da idade precoce com que engravidou, se recebeu acompanhamento adequado. Vou pesquisar mais e comunico a vocês se houver algum trabalho nesse sentido.
Dra. Elizabeth Kipman Cerqueira
Médica ginecologista-Obstétrica; integrante da Comissão de Ética e Coordenadora do Depto. de Bioética do Hospital São Francisco, em Jacareí, São Paulo, Diretora do Centro Interdisciplinar de Bioética da Associação “Casa Fonte da Vida”; especialista em Logoterapia e Logoteoria aplicada à Educação.
Daniel –
Triste escutar o que aconteceu nos bastidores desta história toda. Quanto à carta da Dra. Elizabeth, creio que uma ligação para o Hospital São Francisco poderia confirmar se foi mesmo dela, e remover qualquer dúvida. O número de lá é 0(xx)12-3954-2400.
Aliás, um Google com o nome da Dra. traz vários artigos com posições bem relevantes e sensatas quanto a vários assuntos, incluindo comentários sobre a pesquisa de células tronco embrionárias, aborto em gestação de anencéfalos e a posição médica e filosófica quanto ao início da vida humana.
Abraços,
– David
Caros irmãos, de fato, esta história está muito mal contada. E considerando o governo pró-aborto que temos hoje, tudo é possível…
Abraços,
Ageu.
Ps. Parabéns pelo blog!
Obrigado pela visita e pelo comentário Reverendo Ageu.
Realmente esse caso está muito mal contado e infelizmente acho que vai ficar assim…
Abraço,
Daniel
Bons esclarecimentos ao caso. Nem todos os fatos foram colocados à disposição das pessoas.
Solano
Vamos mastigar.
Sou evangélico, primo dos editores deste blog, um particular admirador do pai deles. De orientação presbiteriana, vivo o maior de todos os paradoxos cristãos: crer na predestinação (plena e total), mas viver como se tudo dependesse de mim. Sendo assim, levanto alguns, digamos assim, aspectos humanos dessa questão.
1.) A Medicina não espera por milagres.
Sim, eu creio que eles existem. Mas dentro do que está ao nosso alcance, existem as estatísticas. E são esses números que norteiam a Medicina. Trabalho em um imenso complexo hospitalar, mas tenho essa visão desde muito antes.
Ok, foi dado UM suposto parecer médico de UMA médica – que por sinal, tem uma opinião bem formada sobre o tema – e também foram mostrados casos onde uma gravidez de uma criança foi levada até o parto. Estamos levantando as exceções e julgando a ciência por ter agido pela probabilidade. confesso não ter lido detalhadamente todas as notícias, mas pelo que vi, nenhum dos casos citados foi uma gravidez de gêmeos; além disso, as “mães” são pessoas que, de acordo com a OMS, devem viver em condições miseráveis, “abaixo da linha de pobreza”: uma índia numa selva em Portugal, uma moradora de um vilarejo no Quênia, uma outra indígena no interior do Peru… a nossa pequena protagonista não parecia viver em condição muito diferente, mas teve acesso a um pouco mais de informação, embora esse acesso não tenha se convertido em “consciência” da mesma. Há sim, vários relatos médicos discorrendo sobre a baixíssima probabilidade de uma gravidez com 2 fatores de risco tão fortes ser levada a cabo com sucesso.
Milagres acontecem. Mas o ensinamento bíblico não é o de viver em função deles. Nós continuamos nos submetendo a arriscados procedimentos cirúrgicos, ingerindo substâncias de alto poder destrutivo; ou seja, fazemos tudo o que está ao nosso alcance para manter e preservar a saúde e a vida. E o fazemos bem. Se fosse uma situação hipotética, e realizássemos uma enquete perguntando quem acredita que uma menina de 9 anos, subnutrida, conseguiria dar a luz a gêmeos? Humanamente falando, eu não acreditaria.
2.) Religião X Lei
Binômio delicado, equação de difícil equilíbrio. Mas lembremos que a Bíblia nos relata que toda a autoridade é designada pelo próprio Deus. Cristo nos ensinou a dar a César o que é de César, ou seja, a lei está aí, e é para ser cumprida – inclusive (e principalmente) pelos cristãos. Vou além: acho o mais completo absurdo se discutir a questão do aborto de fetos anencéfalos. Sou radicalmente a favor.
3.) Direito de viver
Sim, os bebês eram inocentes, e tinham direito à vida. Mas por que, meus Deus, ninguém questionou ainda como está a alma da criança? Como dar à luz duas vidas geradas dessa maneira? Será que ela, na minha opinião a maior de todas as vítimas, não tinha o direito de ter as suas chances de sobrevivência preservadas pela ciência, com a bênção da Lei? Que traumas essa garota carregaria consigo pelo resto da vida? Já não bastam o que ela já carrega? Condenaríamos, então, três pessoas a viver um inferno na terra?
4.) De fora…Esse sim, é pra mim o argumento definitivo. Muitos pregam que são contra a pena de morte, mas nunca jamais sequer tiveram uma pessoa próxima envolvida em um episódio violento. Que Deus me livre (e a todos nós!) de ter alguma familiar, parente, amiga, conhecida, que seja vítima de estupro – eu não sei do que eu seria capaz. Tamanha realidade está prevista em lei: situações de “justiça pelas próprias mãos” tem atenuantes previstos em lei, como “agir levado por forte emoção”, “legítima defesa da honra”, etc… enfim, todos somos contra, afinal, não foi a filha/irmã/prima de ninguém.
Vou ficar por aqui nessa argumentação, não quero discorrer sobre o arcebispo que excomungou a todos – menos o padrasto estuprador. Não quero convencer ninguém, não fico feliz pelo cumprimento da lei, mas acho que essa discussão toda é descabida, e se for feito um referendo nacional para mudar a lei do aborto atual, estarei lá votando pelo “NÃO MUDA”.
Tacito,
Agradeço seus comentários no nosso blog. Sua participação é sempre muito bem vinda. Desculpe a demora em lhe responder, mas estive bem atarefado recentemente e não tive oportunidade. Vou tentar responder aos seus pontos, mastigando um de cada vez :-).
Primeiro, você disse: “Há sim, vários relatos médicos discorrendo sobre a baixíssima probabilidade de uma gravidez com 2 fatores de risco tão fortes ser levada a cabo com sucesso.” Concordo em gênero, numero e grau. A probabilidade é bastante baixa (ninguém disse que era alta). A gravidez era sim de risco, mas o meu ponto era de que o risco de vida para todos não se apresentava imediatamente. Talvez viesse a tona mais a frente na gravidez, mas no momento estava tudo em ordem. A menina não estava trancafiada num hospital sobre intensa observação médica.
Segundo, você disse: “Se fosse uma situação hipotética, e realizássemos uma enquete perguntando quem acredita que uma menina de 9 anos, subnutrida, conseguiria dar a luz a gêmeos? Humanamente falando, eu não acreditaria.” Não acho que você foi tão feliz nessa colocação pela seguinte razão: Improvável não é a mesma coisa que impossível. Você também não acharia difícil uma menina de 9 anos engravidar? Não aconteceu? Improvável, mas não impossível. Em nenhum momento do texto tentei passar a idéia de que devemos viver em função de milagres, tanto que no final das contas disse que se fosse necessário realizar o aborto para que o menor dos males ocorresse (evitando a morte das três), que fosse feito. Em nenhum momento disse que tínhamos que ficar esperando um milagre durante a gravidez. Meu ponto sempre foi que o aborto foi precoce sem que as condições apontassem para a necessidade real de tal procedimento.
Terceiro, você disse: “Cristo nos ensinou a dar a César o que é de César, ou seja, a lei está aí, e é para ser cumprida – inclusive (e principalmente) pelos cristãos.”- Concordo plenamente com o princípio de honrar as nossas autoridades. Mas é óbvio (e acho que você concordaria) que tudo tem seu limite. Se nossas autoridades passarem uma lei dizendo que não devemos mais adorar a Deus, nos congregar, ler a Bíblia e orar, você aceitaria? Claro que não. Quando o governo vai contra os preceitos de Deus o cristão deve sempre seguir a palavra de Deus e não o governo. Vou ainda além e digo que não necessariamente quero discorrer sobre a LEI do aborto nesse caso, pois a Lei apenas permite. Se as pessoas envolvidas decidissem não abortar, o aborto não ocorreria. Nem toda mulher estuprada TEM que abortar. A Lei apenas permite que a pessoa escolha isso.
Você também disse: “acho o mais completo absurdo se discutir a questão do aborto de fetos anencéfalos. Sou radicalmente a favor.”- Honestamente Tácito, e com todo o respeito, você pode ser a favor do que quiser, mas se não tiver base bíblica para apoiar o seu raciocínio então meu caro, desculpe, mas isso não vai colar. Nesse caso é apenas uma opinião pragmática que descarta totalmente o princípio da preservação da vida e da soberania de Deus (princípios expostos claramente na palavra de Deus).
Em seguida você disse:”Mas por que, meus Deus, ninguém questionou ainda como está a alma da criança?”- Afirmei sim no texto que a menina deve estar sofrendo e sem dúvida vai carregar a cicatriz na sua alma pelos estupros do padrasto. Só que vou além. Coitada dela se ela criar uma consciência e acreditar um dia que aborto é algo errado. Vai ficar pior ainda pensando na vida de duas crianças que foram assassinadas. Vai ficar pior ainda lamentando-se por ter sofrido esse aborto que não proveio de uma decisão dela mesma.
Você também disse: “Será que ela, na minha opinião a maior de todas as vítimas, não tinha o direito de ter as suas chances de sobrevivência preservadas pela ciência.”- Com certeza. Se fosse o caso do risco de vida ser iminente sim. Mas não era. Você não acha estranho que ambos os pais eram contra o aborto? Se os pais tivessem certeza que a filha fosse morrer eles não apoiariam o procedimento? É claro que sim.
Em seguida você disse: “Condenaríamos, então, três pessoas a viver um inferno na terra?” Claro que não. As duas crianças poderiam ser dadas para adoção e a menina mãe carregaria consigo as mesmas cicatrizes do estupro que já vai carregar de qualquer jeito. A diferença sendo que duas pessoas não foram assassinadas, ou seja, aliviando ainda mais o peso e culpa. Existe alguma coisa HORRÍVEL que aconteceria com essa menina se ela conseguisse agüentar a gravidez? Algo ainda pior do que já havia acontecido? Cara, se não estou enxergando, por favor, esclareça para mim.
Você também disse: “Muitos pregam que são contra a pena de morte, mas nunca jamais sequer tiveram uma pessoa próxima envolvida em um episódio violento. Que Deus me livre (e a todos nós!) de ter alguma familiar, parente, amiga, conhecida, que seja vítima de estupro – eu não sei do que eu seria capaz.”- Não acho que para discorrermos sobre algum assunto precisamos ter experiência de primeira mão sobre ele. Um cristão só poderia denunciar o uso de drogas ou o homossexualismo se tivesse alguma experiência com isso? Claro que não. Igual esse caso do aborto. Se o cristão vê algo indo contra a palavra de Deus tem o dever de denunciar.
Agora fiquei surpreso com você dizendo que não sabe o que seria capaz de fazer se isso acontecesse com alguém de sua família. Você não acabou de dizer que temos que obedecer a Lei? Especialmente o cristão? E a Lei não coloca o ato de fazer justiça na mão dos seus oficiais? Então num momento temos que acatar a lei, e noutro momento a jogamos fora por causa de nossas emoções?
Por fim, você disse “essa discussão toda é descabida” – Já que fui chato e discordei de quase tudo que você escreveu vou discordar com isso também :-). Essa discussão não é descabida. É essencial que o cristão busque princípios bíblicos para nortear a sua vida e esse tipo de conversa é vital para esse aprendizado. Aprendemos sempre uns com os outros (mesmo discordando).
Grande abraço,
Daniel